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Bill Bland e os seus erros sobre a RPDC - Dermot Hudson

Atualizado: 11 de jun. de 2021



Nos anos 90, apresentei um documento ao então "Comitê Nacional para um Partido Marxista-Leninista", intitulado A Luta do Partido dos Trabalhadores da Coréia contra o Revisionismo". Meu documento oferece um esboço histórico sobre a longa luta do Partido do Trabalho da Coréia, liderado pelo Presidente KIM IL SUNG e pelo Presidente KIM JONG IL. Anteriormente, a luta travada pelo Partido do Trabalho da Coreia e seus líderes contra o revisionismo moderno havia sido ignorada, apagada da história por algumas pessoas, e apenas as polêmicas lançadas pelo Partido Comunista da China e pelo Partido do Trabalho da Albânia eram conhecidas no mundo.


Meu documento tinha como objetivo esclarecer o que foi dito.


Contudo, este documento encontrou desaprovação de Bill Bland, um veterano "anti-revisionista" e ex-membro do Partido Comunista da Grã-Bretanha. Bill Bland foi creditado por alguns como sendo um dos primeiros na Grã-Bretanha a expor o revisionismo moderno e a lutar contra ele.


Enquanto Bland se opôs ao revisionismo moderno, ele assumiu cada vez mais posições ultra-esquerdistas e sectárias, como por exemplo, ao afirmar que o revisionismo começou com Georgi Dmitrov! Bland também atacou o Partido Comunista da China e o Presidente Mao, assumindo a posição de que a Albânia era o único verdadeiro país socialista existente no mundo e aparentemente (ou assim me disseram) teve até mesmo algumas críticas mesquinhas à Albânia.


Há um mau hábito entre alguns da esquerda britânica de fazer contínuas críticas a este ou aquele país dizendo "eles deveriam ter feito isto", "eles deveriam ter feito aquilo" enquanto permanecem sentados em suas poltronas. Bland, por um tempo, no início dos anos 90, foi brevemente aliado ao neo-Trotskista "Comitê Central Provisório do Partido Comunista da Grã-Bretanha", mas esta aliança não durou muito tempo.


Bland, como um advogado desonesto, publicou um documento intitulado O Partido do Trabalho da Coréia e o Revisionismo, que está cheio de pedantismo e retira do contexto as citações dos coreanos, distorcendo grosseiramente o significado delas. Bland, como muitos "esquerdistas" ou opositores dogmáticos da Idéia Juche, na verdade ignoraram o que eu havia escrito.


Na época, eu publiquei uma refutação manuscrita do artigo de Bland e recentemente os camaradas do Centro de Estudos da idéia Juche em Milão e da Região Piemonte da KFA Itália também publicaram uma refutação [1]. Sou grato a eles por escrevê-lo.


Acrescentarei agora alguns comentários, pois o trabalho de Bland está sendo recuperado do passado e usado como arma para atacar a Coreia Popular e a Ideia Juche. É decepcionante e lamentável que algumas pessoas continuem a argumentar contra a Ideia Juche, dizendo que ela não é leninista, marxista, etc. Eu tenho escutado tais comentários por cerca de 30 anos. É uma pena que algumas pessoas não tenham aprendido as lições da frustração do socialismo na Europa Oriental e não abracem a Ideia Juche, como muitas pessoas progressistas e revolucionárias no mundo.


Antes de responder a algumas calúnias de Bland contra a Coreia Popular, é necessário dizer algo sobre a origem do material utilizado por Bland. Bland se baseou fortemente nos Arquivos Contemporâneos de Keesing, uma fonte de referência burguesa, que era basicamente um resumo dos relatos da imprensa burguesa nos países imperialistas. Dificilmente pode ser considerado uma fonte confiável. Até onde eu sei, o próprio Bland nunca vistou a RPDC.


Bland afirma que a RPDC “abandonou a ditadura do proletariado”. De fato, em 1958, o presidente KIM IL SUNG, dirigindo-se aos trabalhadores judiciais, disse: “Em nossa época existem dois tipos de ditadura. Uma é a ditadura da burguesia e a outra é a ditadura do proletariado” (Kim Il Sung. Para a Implementação da Política Judiciária de Nosso Partido”. 29 de abril de 1948). Isto deixa a posição bem clara, mesmo para alguém como Bill Bland.


Em 1967, o Presidente KIM IL SUNG escreveu o trabalho Sobre os Problemas do Período de Transição do Capitalismo para o Socialismo e a Ditadura do Proletariado no qual ele criticou tanto as políticas dos revisionistas modernos como dos oportunistas de esquerda. Em particular, ele criticou a linha oportunista de direita (ou seja, soviética) de desistir da ditadura do proletariado em favor de um “estado de todo o povo”.


Ele ressaltou que a luta de classes continua sob o socialismo, dizendo que “também, dentro de nosso sistema social, as influências subversivas contra-revolucionárias se infiltram a partir do exterior e os remanescentes das classes exploradoras derrubadas atuam agindo internamente; assim, a luta de classes é necessária para suprimir estas atividades contra-revolucionárias. Dessa forma, em uma sociedade socialista existe uma forma de luta de classes destinada a exercer a ditadura sobre os inimigos externos e internos, juntamente com a forma básica de luta de classes que, através da cooperação, visa revolucionarizar e remodelar os trabalhadores, camponeses e intelectuais, para assim alcançar a unidade e a solidariedade”.


Ele ressaltou que a ditadura do proletariado deve continuar. Bland ou não tinha conhecimento deste trabalho ou optou deliberadamente por ignorá-lo.


A RPDC continuou a linha de luta de classes dentro do socialismo Em outubro de 2012, o respeitado Marechal KIM JONG UN, dirigindo-se aos trabalhadores da segurança popular, afirmou: "Os homens da segurança devem travar uma luta feroz contra os inimigos na frente invisível como sempre fizeram”. Mais tarde, em 2013, o grupo fracionaste moderno na RPDC foi exposto e esmagado. O relatório do Bureau Político de dezembro de 2013, no qual os fracionistas foram expostos declarou que "o grupo de Jang enfraqueceu a orientação do partido sobre os órgãos judiciais, de acusação e de segurança popular, trazendo conseqüências muito prejudiciais ao trabalho de proteção do sistema social, das políticas e das pessoas. Tais atos nada mais são do que atos criminosos contra-revolucionários e impopulares de abandono da luta de classes”.


Recentemente o respeitado Marechal KIM JONG UN se referiu à luta de classes sob o socialismo. Em sua carta ao 10º congresso da União da Juventude Patriótica Socialista da RPDC, ele escreveu que: ”Atualmente, o perigoso veneno que mancha as características originais do socialismo são as práticas anti-socialistas e não-socialistas. Agora está em andamento uma operação de limpeza em larga escala para acabar com essas práticas em escala nacional. Trata-se de uma outra luta de classes, uma luta patriótica, para defender a pureza e o futuro de nossos jovens e para lhes proporcionar um lar mais maravilhoso do socialismo".


Longe de desistir da luta de classes, a RPDC está levando a cabo uma poderosa luta contra as idéias anti-socialistas e não-socialistas.


Bland usa a União Soviética como um modelo absoluto, um critério para julgar a RPDC e para criticar a RPDC. Contudo, Bland, como um verdadeiro dogmático, não leva em conta a diferença de tamanho entre a RPDC e a União Soviética, bem como os níveis de desenvolvimento. Quando a Revolução Socialista de Outubro ocorreu em 1917, a Rússia era um país capitalista, embora atrasado. O sistema de servidão havia sido abolido em 1861, 56 anos antes da Revolução de Outubro, e o capitalismo estava se desenvolvendo também na agricultura. Entretanto, a RPDC, de 1910 a 1945, havia sido uma colônia do Japão e também uma sociedade de tipo feudal, na qual os camponeses, esmagadora maioria da população, eram oprimidos e explorados pelos proprietários feudais. Era bastante impossível para a Coreia tomar o mesmo caminho para o socialismo que a Rússia. Havia uma necessidade de adotar políticas originais adaptadas às realidades do país. Tentar usar a União Soviética como um modelo absoluto, como faz Bland, além de desonesto é também estúpido.


Bland afirma que o socialismo de estilo coreano baseado na Ideia Juche é um “socialismo espúrio”, um vil insulto e basicamente uma calúnia. Entretanto, Bland deveria se perguntar, se a RPDC não é um país socialista, então como foi possível para ela abolir os impostos em 1975 e dar casas gratuitas à população, além de assistência médica e educação, mesmo estando sob intensas sanções por partes dos imperialistas? Um nível tão elevado de benefícios sociais não é possível em uma sociedade capitalista, mesmo em países capitalistas desenvolvidos e países imperialistas.

Bland, ao mesmo tempo em que posa como um ardente "anti-revisionista", "marxista-leninista" e "mais duro que a linha dura", na verdade recicla argumentos burgueses e revisionistas sobre o "culto à personalidade". Toda a questão do "culto à personalidade" é uma construção burguesa e revisionista, usada para caluniar e difamar o verdadeiro socialismo na RPDC. Foi Khruschev quem apresentou o conceito de “culto à personalidade" em seu infame discurso ao 20º Congresso do CPSU. Será que Bland está implicando que Khruschev estava certo? Deveríamos perguntar se Bland teve algum problema com os albaneses usando o slogan ‘Parti-Enver’?


O surpreendente e chocante é que, ao atacar a RPDC, Bland chega até mesmo usar material do regime fascista das marionetes sul-coreanas! Que tipo de comunista usa a sujeira das marionetes sul-coreanas para atacar um país socialista ?


Aqueles que falam sobre "culto da personalidade" são aqueles que não enxergam a sociedade como um coletivo, em vez disso são influenciados por um conceito burguês de sociedade, que vê a sociedade como sendo composta por indivíduos atomizados. Uma variante extrema e niilista destas perspectivas mundiais foi expressa pelo ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, que certa vez afirmou que "não existe tal coisa como sociedade".


De fato, o líder é o cérebro supremo da revolução, o cérebro supremo da sociedade. A sociedade é como um organismo vivo ou um corpo. O corpo requer um cérebro, um corpo sem um cérebro seria algo impossível. No entanto, algumas pessoas pensam que se pode ter um corpo sem um cérebro. Ninguém pensa no cérebro escravizando seu próprio corpo.


Na RPDC, as massas, o partido e o líder formam um todo integral e harmonioso, o que nunca foi testemunhado em nenhuma sociedade capitalista exploradora e também nunca em nenhum país revisionista. Na RPDC o povo está em um único coração e uma única mente, e se move como um só.


Bland distorce aspectos da relação entre a RPDC e a URSS no início da década de 1960 e, de fato, ameniza as tensões entre a RPDC e a URSS. Bland ignora o fato de que os revisionistas soviéticos tentaram derrubar a liderança da RPDC em agosto de 1956, embora isto seja mencionado várias vezes pelo herói e deus Enver Hoxha de Bland. Em vez de uma relação tranquila entre a RPDC e a URSS, a última impôs sanções de facto à RPDC em 1962. A mídia soviética atacou a RPDC pelo nome em 1964. A RPDC, por sua vez, publicou muitos artigos em sua mídia atacando o revisionismo e tanto o Presidente KIM IL SUNG como o Presidente KIM JONG IL escreveram trabalhos atacando o revisionismo e as grandes potências.


O Partido do Trabalho da Coréia não concordou com os ataques que Khruschev desferiu contra Stalin. Como observado por Mikhail Vikulin do Grupo de Estudos de Idéias Juche de Moscou:


Em novembro de 1957, uma reunião internacional de representantes dos partidos comunista e operários estava sendo realizada em Moscou. Quase todas as figuras proeminentes do movimento comunista fizeram relatórios. Foi uma espécie de "homenagem" a Khrushchev e uma crítica a Stalin. Mao Tse Tung, além de lutar contra o culto à personalidade, também elogiou o atual chefe do Comitê Central do CPSU. Até Enver Hoxha, conhecido defensor de Stalin e lutador contra o revisionismo de Khrushchev, falou sobre a heróica luta do "Comitê Central Leninista" do PCUS, contra os "erros de Stalin" e contra o "grupo revisionista", isto é, contra o Grupo Anti-Partido. Tudo isso é de domínio público. [2]


Diferentemente, o camarada Kim Il Sung permaneceu com seus princípios. Ele se tornou um dos poucos líderes dos países socialistas que não participaram da "luta contra o culto da personalidade de Stalin". Em seu discurso, ele não disse uma palavra sobre Joseph Stalin.


A divisão do movimento comunista internacional nos anos 60 causou novos problemas: em 1962 começou a "grande polêmica" entre o CPSU e o CPC, e depois, a partir de agosto de 1966, a "Revolução Cultural" na China. Nesta situação, a RPDC não ficou de nenhum lado e criticou tanto os khrushchevitas quanto os maoístas. Ao mesmo tempo, o camarada Kim Il Sung argumentou que as contradições entre os países socialistas eram não-antagonistas e que era necessário unir forças para combater o imperialismo.


Na cultura política coreana dos anos 50, não era aceito nomear os revisionistas modernos pelos seus primeiros nomes. Portanto, é preciso olhar exatamente quais posições foram criticadas pelos camaradas Kim Il Sung e Kim Jong Il. Eles foram chamados por seus nomes somente após o colapso da URSS”. [3]


É interessante observar que Khruschev visitou a Albânia em 1959, por mais de uma semana, mas nunca visitou a RPDC. De fato, nenhum Secretário Geral do PCUS ou Primeiro Secretário jamais esteve na RDPC.


Se Bland ainda estivesse vivo, eu lhe perguntaria como é que a Albânia "pura e socialista", "anti-revisionista", desapareceu junto com o resto do campo socialista. Por que Enver Hoxha nomeou o revisionista e traidor Ramiz Alia, que se tornou o Gorbachov albanês, como seu sucessor escolhido? De fato, enquanto a RPDC sempre priorizou a luta contra a infiltração da ideologia e cultura imperialista e recentemente a renovou, a Albânia socialista parecia tê-la negligenciado (Enver Hoxha até encorajou os filmes de Norman Wisdom da Grã-Bretanha).


É um fato muito revelador que o Partido Comunista da Albânia, o sucessor do Partido do Trabalho da Albânia, na verdade visitou a RPDC e assinou a "Declaração de Pyongyang". Claramente, ao contrário do Sr. Bland, eles queriam aprender com a RPDC.


A RDPC brilha como um país independente e anti-revisionista. Ao mesmo tempo, a RPDC não vive no passado e é completamente desprovida de dogmas.


Embora algumas pessoas ainda hoje sustentem o ataque de Bland ao meu artigo sobre a luta do PTC contra o revisionismo moderno, na verdade este é um documento cheio de distorções maciças, que beira a falsificação pura e simples. Alguns podem ver Bland como uma espécie de puro anti-revisionista, mas na verdade seu ataque à RPDC não foi diferente dos ataques falsos de esquerda, revisionistas e liberais contra a RPDC. Tais ataques são motivados pelo eurocentrismo e pelo chauvinismo social. A única diferença de Bland é vesti-los com roupas "anti-revisionistas" , "comunistas" e "marxistas-leninistas". Por baixo das armadilhas externas, o conteúdo é o mesmo: picuinhas, pedantice, descoberta de falhas, palavras retiradas do contexto .


Já é hora de os comunistas, anti-revisionistas e socialistas acabarem com sua atitude negativa e desdenhosa em relação à Coréia do Povo e à Ideia Juche. Algo que já era para ter acontecido há muito tempo atrás.


Dr. Dermot Hudson .


Presidente do Grupo Britânico para o Estudo da Idéia Juche

Presidente da Associação para o Estudo da Política Songun

Presidente da KFA UK.

Notas adicionadas pelo Centro de Estudos da Ideia Juche:


[1] O artigo publicado pela KFA Itália e do Centro de Estudos da Ideia Juche da região de Piemonte pode ser acessado no link a seguir: https://juche007-anglo-peopleskoreafriendship.blogspot.com/2020/04/against-bill-bland-answer-to-article.html


[2] Enver Hoxha elogia a linha do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética e critica o “culto à personalidade” de J.V.Stálin no artigo “Marxism-Leninism Teaches that The People are Creators of History”, publicado originalmente no periódico Zeri I Populliti em 14 de abril de 1956. A versão em inglês do artigo pode ser acessada no link a seguir: https://drive.google.com/file/d/1TF2FeG4AWr2fSwyMDionLk871ctNSjo0/view


[3] Com a publicação das novas edições das Obras Escolhidas de Kim Jong Il, em 2015, é possível ter acesso aos discursos e obras da década de 60 que não apareceram nas versões anteriores de suas OE’s, e onde é possível constatar que, já naquela época, Kim Jong Il faz criticas abertas a Kruschev. No artigo Para Consolidar a Base Organizativa e Ideológica do Partido, de 15 de agosto de 1969, Kim Jong Il afirma: “Depois do falecimento de Stalin surgiram os renegados e ambiciosos como Kruschev (grifo nosso), que arrebata o mando do partido mediante uma conspiração e difundem o revisionismo contemporâneo (…)”. Se é verdade que, nos documentos oficiais do PTC, o partido adotava uma postura prudente na hora de apontar os nomes dos líderes revisionistas de outros países que estavam sendo criticados, a partir da leitura deste artigo é possível observar que, pelo menos internamente, os líderes revisionistas de outros países eram abertamente condenados e expostos. O artigo produzido pelo Centro de Estudos da Ideia Juche de Moscou pode ser acessado no link a seguir: https://svenskajuchegruppen.wordpress.com/nyheter/mikhail-vikulin-ru/

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